outra do baú, mas dessa vez da monet. uma versão dessa entrevista com selton mello está saindo na edição de junho da revista (que deve estar chegando por esses dias para assinantes e bancas) por causa de uma homenagem do canal brasil ao ator, com direito a seis filmes, um curta e um clipe. mesmo quando quer, e mesmo correndo o risco de se repetir, selton não para com o cinema.
O MUNDO LOUCO DE SELTON MELLO
O ator, como o poeta, é um fingidor. Selton Mello é um ator, portanto ele é do tipo que finge que é dor a dor que deveras sente, e vem fazendo isso desde criança. Sem descanso, na loucura e com o coração na ponta da câmera. Nos últimos dez anos, o mineiro vem se dedicado quase que exclusivamente ao cinema, com direito a campeões de bilheteria como (2000), O Auto da Compadecida (2000), Lisbela e o Prisioneiro (2003) e Meu Nome Não é Johnny (2008). E que nos perdoem Wagner Moura, Lázaro Ramos e Matheus Nachtergaele, mas Selton é o cara do cinema brasileiro dos anos 2000.
Entre dramas e comédias escrachadas, o ator recentemente ainda estreou como diretor no elogiado Feliz Natal, seu programa Tarja Preta ganha nova temporada no Canal Brasil em setembro e as as salas de cinema recebem quatro filmes estrelados por ele: em junho, Jean Charles de Henrique Goldman e A Mulher Invisível de Cláudio Torres, e ainda sem data de estreia, A Erva do Rato de Júlio Bressane e Federal de Erik de Castro. Segue abaixo uma entrevista que o ator deu com exclusividade à MONET direto da Espanha, onde foi filmar Lope, o novo trabalho de Andrucha Waddington. Moral da história: Selton Mello não para e nem quer.
O que tem de bom e de ruim em ter começado tão cedo na profissão?
De ruim tem um cansaço precoce. Já estou quase me aposentando [risos]. O lado bom é o valor do trabalho, da conquista suada, de ver a estrada que percorri com meus méritos, acertando em cheio aqui, metendo a cara na parede acolá, mas sempre trilhando a minha história e arcando com as minhas escolhas. Sou um sobrevivente. Começar tão cedo pode ser sublime, pela experiência adquirida, e também um pesadelo, se não tiver uma estrutura familiar que o ampare. Fica aí minha dica para a menina Maísa [risos].
Depois de tanto tempo trabalhando, e com tantos trabalhos feitos em diversas áreas e formatos, você consegue ver algum linha condutora nas suas escolhas? Você tinha algo planejado?
Não teve uma fórmula, sou bastante intuitivo nas minhas escolhas. Fui feliz e quebrei docemente a cara em circunstâncias distintas. Mas tenho um orgulho de um pai que olha para seus filhos e se identifica com cada um deles. Sou todos os personagens que interpretei e sou nenhum. Essa é a grandeza da minha profissão.
Imagino que com o Tarja Preta você conheceu muita coisa e muita gente do cinema/tv/teatro brasileiro que talvez não tivesse conhecido de outra forma. Mudou o jeito como você vê o teu trabalho? Mudou o jeito como você vê o fazer arte no Brasil?
O Tarja Preta foi minha faculdade teórica de cinema. Entrevistei mais de cem artistas e assisti a filmografia de todos eles. Poderia participar de um quiz show sobre cinema brasileiro. Pude detectar as diversas formas de expressão, as fases tão diferentes de nosso cinema. Atlântida, Vera Cruz, Cinema Novo, Cinema de Poesia, Chanchada, Pornochanchada, Retomada... fui alimentado por muita coisa, enchi os olhos, me abasteci de cinema brasileiro até vazar pelos poros. Inevitável que eu tenha partido para aventura de realizar o meu Feliz Natal. Era muita coisa represada que precisava ser canalizada para uma forma própria de contar uma história. E acredito que consegui fazer com que o público também se encantasse com todos os meus entrevistados. E com isso pude colocar um refletor sobre pessoas tão fascinantes e que ajudaram a construir o cinema brasileiro.
Você começar a dirigir mudou o seu jeito de atuar? Que diretores mais te influenciaram?
Dirigir expandiu minha visão sobre a arte. Cinema é palavra, imagem, som, poesia e realidade. É um sonho a 24 quadros por segundo. Não sou o mesmo depois de viver essa experiência. Sobre os diretores... aprendi com todos que me guiaram nesses trabalhos... Guel Arraes, Luiz Fernando Carvalho, Carlos Reichembach, Walter Lima Jr, e outros mais jovens como Lírio Ferreira, Mauro Lima, Heitor Dhalia, Cláudio Torres e tantos outros. As influências estão na sua frente, mas o desafio é encontrar o seu estilo, a sua pegada, a maneira de ver não apenas o cinema, mas a vida. Não separo uma coisa da outra. Arte e vida andam de mãos dadas.
Em algumas entrevistas durante o lançamento de Feliz Natal você afirmou que daria um tempo na atuação? Como está isso pra você?
Realmente parei por um tempo. Entrei em um período de focar mais na vida como ela é e, diga-se de passagem, a vida é bem dura. Trabalhar menos e viver mais. Para um capricorniano insano não é da noite pro dia que consigo isso, mas já mudei o rumo do barco. E como fiz muitos trabalhos que não estrearam, a impressão que se tem é que estou trabalhando muito agora, mas isso não é fato. Tenho feito coisas mais curtas por agora, para aos poucos, encontrar o novo ritmo que estou a fim de dançar.
Esse batidão cinematográfico que você tem mantido durante os últimos anos - e com dois longas estreando (Jean Charles e A Mulher Invisível) - te deu um reconhecimento popular que poucos atores conseguiram sendo quase que exclusivamente pelo cinema. Tem algo no cinema que te interessa mais?
Me interesso por cinema de uma maneira ampla e irrestrita. A Mulher Invisível e Jean Charles, que estréiam em junho [o primeiro estreia agora em 5 de junho e o segundo em 26 de junho], são filmes importantes cada um à sua maneira. Curiosamente vão chegar aos cinemas sem muito espaço entre eles. Outros já prontos ainda vão estrear como A Erva do Rato uma experiência fabulosa que vivi ao lado de Julio Bressane e mais alguns que não cabe dizer agora senão vão pensar por aí que ando trabalhando muito, inclusive eu [risos].
Você pode adiantar alguns de seus novos projetos? O Tarja Preta vai voltar?
O Tarja Preta volta ao ar em setembro no Canal Brasil. É um programa absolutamente caseiro e que já caminha com pernas próprias. Começo a mexer em um roteiro novo que pretendo filmar quando der. Enquanto isso vou saborear as estréias dos trabalhos que já estão finalizados. Uns projetos para filmes novos como ator, mas devem sair do papel apenas no ano que vem. O grande projeto no momento é não inventar novos projetos que me tirem do rumo de viver um novo projeto de vida.
O que é atuar pra você? E dirigir?
Atuar é ser criança. Se divertir e se assombrar, contando umas mentiras de uma forma convincente. Dirigir é proporcionar aos seus atores que se divirtam e se assombrem, contando umas mentiras de uma forma convincente.
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2 comentários:
tafne, quando quando quando que vc entrevistou o selton ô! e vc pode por matería da moNET no seu blog antes da revista sair? que poderoso hein.
mas então, a gente gosta do selton? vc não perguntou da polêmica do feliz natal assim meio em off??? heheheh
entrevistei o selton uma vez, junto com o lázaro ramos (na casa deste), mas essa foi por email.
ah, e coloquei essa entrevista no ar junto com a monet de junho que tava chegando para os assinantes... a revista sempre chega por volta do dia 26 de cada mês.
"a gente gosta do selton?", hahahaha. não sei a "gente", mas eu gosto sim. e não me meto em fofocas, paula. só gosto delas. nada de "feliz natal", depressão e outras coisinhas.
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