taí um texto que entraria na seção 'tesouros perdidos' da saudosa bizz de ricardo alexandre, ali em algum lugar de 2006. acabou ficando de fora porque uma matéria sobre o marcos valle entrou no meio do caminho...
BALANÇO A 300 KM POR HORA
O loirinho Marcos Valle há muito se bandeara da bossa nova para a soul music quando assinou, em parceria com o irmão Paulo Sérgio Valle, a trilha sonora do documentário O Fabuloso Fittipaldi em 1973. Trabalho de encomenda como muitos que iria aceitar no início da década de 1970, tais como a trilha do programa infantil Vila Sésamo (1974) e o jingle de fim de ano da TV Globo (“Hoje é um novo dia”), a trilha deste documentário pouco visto veio com carta branca da produtora independente Ipanema Filmes, dirigida pelo experiente cineasta Roberto Farias (que vinha da bem sucedida trilogia de filmes de Roberto Carlos). O resultado foi um dos trabalhos mais impactantes do autor de “Samba do verão” e despejou altas doses de soul, funk e pop em companhia do veloz Emerson Fittipaldi em seu auge. Detalhe: o filme foi roteirizado e supervisionado por um estreante cineasta vindo da Argentina chamado Hector Babenco.
Com ótimos trechos de depoimentos do próprio Emerson, da mulher Maria Helena, de amigos e parentes, o que só viria a se tornar habitual em trilhas sonoras muito tempo depois, as dez faixas do LP O Fabuloso Fittipaldi (Phonogram, 1973) são instrumentais, exceto a balada “Tema de Maria Helena”. Ao lado de Valle os músicos do célebre trio Azymuth, que acabara de adotar esse nome exatamente por causa de uma música do carioca lançada em 1969 no cultuado disco Mustang cor de sangue. “Azymuth”, a música, é a que abre o LP com o nome de “Fittipaldi show” e vem cheia de balanço, velocidade e um baixo marcadamente soul comandado por Alexandre Malheiros. A saber, os outros dois membros do Azymuth eram Zé Roberto Bertrami (teclados) e Ivan “Mamão” Conti (bateria).
A faixa de abertura serve como carta de intenções para toda trilha, mas deixando espaço para variações como na bela e climática “Acidente”, levada por tamborins, piano, violinos e um delicado violão. “Vitória” vem no mesmo embalo de “Fittipaldi show” com piano e orgão cheios de balanço, enquanto a faixa que encerra o LP, “Virabrequim” com seu metais, atabaques e novamente o baixo forte de Alexandre Malheiros, antecipa algumas levadas instrumentais da disco music. O Fabuloso Fittipaldi marcou também, junto com o disco de carreira Previsão do tempo (1973), o fim da lua-de-mel de Marcos Valle com o Brasil. O compositor carioca ainda lançaria trabalhos no ano seguinte, mas partiria logo depois para um auto-exílio nos Estados Unidos que duraria até a década de 1980.
para ilustrar, a abertura do filme ao som de “fittipaldi show”.
e a balada “tema de maria helena” com direito a fittipaldi correndo pimpão, cabelos ao vento, em câmera lenta. uau.
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