na domingueira dessa semana escolhi um clipe que pudesse puxar um texto do baú. daí veio eduardo bid e sua "mandigueira", música do primeiro disco solo do multiinstrumentista e produtor paulistano (bambas & biritas vol. 1, 2005). já sobre o texto, aliás, dois textos... em 3 de março de 2005 rolou o da folha sp sobre o disco, minha segunda colaboração. a seguir vem o que seria minha terceira pauta pra folha, em 9 de abril, mas que acabou não rolando. era sobre o show de lançamento do disco com a participação de alguns feras da soul music brasileira. o texto caiu (portanto, é totalmente inédito) e o que acabou saindo foi apenas uma foto. minha, pelo menos. gostei muito desse disco, inúmeros hits (fora essa "mandingueira" com elza soares, tem "e depois" com seu jorge, "saudades da black rio" com carlos dafé e "fora do horário comercial" com marku ribas), mas foi uma pena que o bid não conseguiu bombá-lo mais (pouquíssimos shows). no mais, parece que tá produzindo o vol. 2. chega de conversa. vai elza (e seu jorge e fernanda lima)...
BID ESTREIA COM MUITOS AMIGOS E SUINGUE
Você talvez não saiba quem é BiD, ou Eduardo BiD, ou ainda Eduardo Bidlovski, mas é certo que já ouviu e muito do trabalho deste produtor, compositor e multiinstrumentista. Ele foi líder e um dos criadores do Funk Como Le Gusta. Produziu Afrociberdelia do Chico Science & Nação Zumbi e Por Pouco do Mundo Livre S/A, dois dos melhores discos brasileiros da década de 1990. Entre tantas outras coisas, BiD foi compondo, tocando e arrumando parcerias até chegar no ponto em que precisou segurar o microfone com as próprias mãos para se lançar solo. O resultado é Bambas & Biritas Vol. 1 que finalmente chega ao Brasil depois de ter sido lançado em 2004 no Japão e Europa.
“Venho fazendo esse disco há quatro anos, desde que nasceu meu filho, e foi nas lacunas dos trabalhos com o Funk Como Le Gusta, produções e trilhas. Foi um processo muito espontâneo e sem prazo. Não teve nada planejado, mas quando saí do Funk tinha esse disco para trabalhar”, relembra BiD.
Passeando pelas músicas dá para se notar que as amizades de BiD é variado e dos melhores. Tem figuras clássicas da black music nacional como Marku Ribas (“Fora do horário comercial”), Carlos Dafé (“Saudades da Black Rio” e “Não pára”) e Elza Soares (“Mandingueira”), além da unanimidade atual em termos de suingue certeiro, Seu Jorge (“E depois...”, um dos pontos altos do disco). Tem o rap paulistano de Rappin Hood e Funk Buia (“Maestro do Canão”, tocante e animada homenagem a Sabotage) e o rap carioca de Black Alien (“Na noite se resolve”). E ainda DJ Soul Slinger, André Abujamra, Fernandinho Beatbox, Arnaldo Antunes e Caju & Castanha, entre outros.
“Fiz todas as partes instrumentais do disco e fui chamando os parceiros e as participações de acordo com o que eu achava que as músicas pediam”, raciocina o produtor agregador. “Gosto dessas misturas de caras da antiga com gente nova porque todo mundo sai ganhando nesses encontros. Eles se renovam e a gente aprende muito com os feras”, segue BiD com um sorriso na cara. Tudo isso para chegar no trava-línguas eletrônico “Roda rodete rodiano”. Gravada em 1994, a música tem vocais de Chico Science em uma das raras gravações inéditas do mangueboy.
Uma prévia do disco saiu em dezembro de 2004 na forma de um compacto especial. Foram duas músicas, “Não pára” e “Mandingueira”, e dois remixes exclusivos comandados por Marcelinho Da Lua e o Instituto. O compacto trouxe também mídia interativa, as letras e o clipe de “Mandigueira”, estrelado por Seu Jorge, Fernanda Lima e o próprio BiD. Tudo embalado de forma bacana e financeiramente acessível. “A idéia surgiu de conversas com o Tacioli aqui da gravadora porque colecionamos vinil. Essa história do compacto é muito bacana e é uma pena que no Brasil ninguém soube como vender esse produto”, explica BiD.
Tanto no disco quanto no compacto nota-se que é possível ser inteligente e pop, suingado e crítico, lírico e malemolente. O recado está nas mensagens da secretária eletrônica do estúdio de BiD colocadas depois da última faixa. Tem que viajar, viajar e viajar. Música serve para isso.
BID REÚNE BAMBAS DA BLACK NACIONAL EM SHOW
Uma coisa todo mundo sabe, mas pouca gente põe em prática: disco é disco, show é show. Sabendo isso desde menino, o multiinstrumentista e produtor BiD montou uma super banda para fazer do show de lançamento de seu disco de estréia solo, Bambas & Biritas Vol. 1, um evento único e diferente do que já foi registrado. Para este salto, BiD contou com a ajuda de figuras chave da música black brasileira dos anos 1970 que farão um encontro histórico no palco do teatro do Sesc Pompéia, hoje às 21h.
BiD, melhor que ninguém, apresenta a banda: “voz e piano Fender Rhodes, Carlos Dafé, um malandro carioca sensível, grande figura do samba soul brasileiro; voz, violão, percussão e flauta indígena, Marku Ribas, um ouvido incrível, sempre em busca da simplicidade e com um baita vozeirão; contrabaixo, Lula Barreto, um mestre que quando fala ou é piada ou um comentário que faz muito sentido; bateria, meu irmão Rocco, grande companheiro, econômico, toca comigo desde o começo, mas estamos sem trabalhar há dez anos porque ele está morando nos EUA; percussão, Bruno Buarque, grande músico, faz percussão corporal e tem uma aparelhagem de samplers, um sabor de novidade nessa interação com os mestres. E tem eu”.
Dafé, Marku e Lula possuem histórias o bastante para encher cadernos especiais e continuam tão ativos quanto nos anos 70. Com um disco previsto para ser lançado no segundo semestre com participações de Zeca Baleiro e Toni Garrido, Carlos Dafé tocou com Tim Maia, Dom Salvador e a Banda Black Rio, além de ver músicas suas interpretadas por Nana Caymmi e Seu Jorge, entre outros. Seu aviso é simples e direto, “nós estamos aqui para não deixar a chama apagar”.
Além de seus discos solo, Marku Ribas já acompanhou João Donato, Edison Machado e até os Rolling Stones. Enquanto prepara disco novo e dá uma pausa em sua estréia como ator em Batismo de Sangue, filme de Helvécio Ratton baseado em livro homônimo de Frei Betto, Marku sente-se “muito feliz com essa emotividade que está rolando nos ensaios. É interessante quando a ligação entre as pessoas é mais pessoal que profissional”.
Lula Barreto não participou do disco por estar no Rio de Janeiro gravando o primeiro disco da volta de sua banda, a União Black (banda que acompanhou Gerson King Combo e lançou disco em 1977 recheado de petardos funk). Agora que o novo disco foi gravado e está para ser lançado nos EUA, Lula pôde entrar na banda: “Está sendo maravilhoso ensaiar com esse pessoal. Vai ser um show pro povo dançar sentado”.
Algum recado para quem ouviu o disco e espera as participações especiais? Com a palavra, BiD, “eu queria que o show tivesse essa cara de banda, seis caras fazendo um som, todos juntos. Esse negócio de convidado já virou uma fórmula. O bom desse show é que traz um frescor para todo mundo. Parece que é uma banda nova que a gente tá fazendo parte e todo mundo virou músico de novo”.
De um lado, músicas do disco tais como “Não pára”, “Mandingueira”, “E depois...” e “Fora do horário comercial”. Pelo outro, preciosidades de Dafé (“Bem querer” e “Escorpião”) e Marku Ribas (“Zamba ben” e “Barranqueiro”). Resultado, uma festa do samba soul brasileiro que se estenderá ao Rio de Janeiro (12/04, no Vivo Open Air) e Brasília (18/05).
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